domingo, 8 de agosto de 2010

Meu pai, o seu Léo.


Meu pai era militar da Marinha do Brasil, e teve uma vida muita dura precisando amadurecer mais cedo que os outros filhos.
Foi tirado pelo meu avô Pedro das mãos da mãe biológica (Vó Celina) para ser criado por outra mulher com a qual meu avô vivia ('Vó' Raimunda), entrou para a Marinha muito cedo, viveu a ausência da mãe e do pai com muita dor. Não pode ir ao enterro do meu avô, impedido pela Marinha e suas funções.
Era um homem muito bom apesar dos erros que cometia.
Me criou de maneira simles, mas digna.
Sempre fui orientada por ele a ser organizada, limpa, reta, coerente, honesta, sincera, responsável... Eram palavras que eu nem sempre ouvia dele, mas nas tarefas e responsabilidades que me dava, eu percebia suas intenções de me educar para algo mais.
Não era um pai perfeito! Mas era meu pai, meu herói... Me decepcionei com ele sim depois do falecimento da minha mãe (saudades mãe!), mas não consegui ficar zangada por muito tempo, porque era meu pai.
Era um homem que servia a todos a qualquer pedido de ajuda. Deixava tudo que estivesse fazendo para socorrer alguém. Ele foi um anjo na vida de muita gente, tenho certeza porque testemunhei eu mesma muito momentos destes.

Sempre tive muito medo da morte do meu pai, visto que já havia falecido minha mãe em 1997, e eu sofri demais com a ausência dela, demais. Como ele já não morava mais no Rio, eu tinha muito medo dele morrer sozinho, longe de mim e do meu irmão.
Mas como ninguém fica pra semente, recebi a notícia do falecimento dele durante um ensaio lá na casa da Misericórdia no dia 3 de junho de 2007. Infarto fulminante na rua, num ponto de ônibus em Cabedelo (Pb), estava indo comprar ferramentas para meu tio que havia sido roubado e precisava disso para trabalhar. Visitou minha vó Celina, levou frutas, a beijou, pediu a benção 2 vezes e fim.
Quanta dor eu senti no meu peito, indescritível, insuportável. Chorei por horas seguidas ainda mais quando soube os detalhes.
Meu paizinho, seu Moura, seu Léo, eu não veria mais, não poderia mais ouvir sua voz, suas piadas (as vezes sem graça, mas com mesmo valor!), sua gargalhada (tenho uma igualzinha!), suas palavras cheias de sabedoria, um olhar meio caído de alguém sofrido, cheio de limitações, de defeitos, de quedas, mas era o meu pai.
Ele nem aproveitou os netos que viu nascer (Laylane, Bernardo e Giovana), não pôde ser bom avô, como foi bom pai. Tenho certeza que o seria se tivesse mais tempo e oportunidade.
Enfim, meu pai me educou para ser forte, para sair de casa e enfrentar todas as situações, para ser organizada, firme, correta entre outras coisas.
Mas eu quero destacar o maior ensinamento que o meu pai me deu: o SERVIR O OUTRO!

"QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR NÃO SERVE PARA VIVER" !

Ouvi este ensinamento por muitos anos, principalmente quando eu, minha mãe e meu irmão reclamávamos das vezes que ele saía e nos deixava, para estar ajudando a outros que nem sempre mereciam. Ele dizia:

"QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR NÃO SERVE PARA VIVER" !

Nossa! Indo na minha história de vida, vi o quanto já fui preparada para ser Anunciadora da Misericórdia.
Meu pai era um homem de compaixão! Minha mãe também, mas era de uma personalidade diferente. 
Choro neste exato momento que escrevo, de saudade dos dois: Seu Moura e D. Marieta, meus pais!
Tenho muito orgulho deles, e muita, muita saudade. Como os queria perto de mim em momentos que vivo hoje, onde um colo de pai e de mãe fazem toda a diferença.

"Pai, parabéns pelo seu dia! Eu sinto sua falta! Quero vê-lo de novo pai... Quanta saudade. 
Sabe pai, o Renato também é um bom pai para os nossos filhos. 
O Leandro voltou a ver a Laylane e está esperando agora a Manuela, com a Karen sua nora.
Sabe pai, Deus me deu aqui na terra, depois do meu marido, um bom pai espiritual, o Padre Antonio. Ele não é igual ao senhor, mas é bom, é de Deus.
Quero louvar ao Senhor Jesus Todo misericordioso pelo pai que meu deu a graça de ter. Obrigada Jesus, porque hoje tenho lembranças fortes dele, marcantes, de compaixão, de amor, de carinho, de atenção... Obrigada Senhor porque vivo momentos contigo de grande presença paterna que não me deixam só, sei que O tenho ao meu lado e tenho Maria também.
Pai, seu trabalho não foi perfeito, mas foi bom. Eu e meu irmão estamos bem. 
OBRIGADA POR TER ME AJUDADO A SER UM INSTRUMENTO DE MISERICÓRDIA!"
LIU ( meu pai me chamava pelo meu apelido sempre!rsrs)

Eliane Ancillotti (A filha do seu Moura, com muito orgulho)
Anunciadora da Misericórdia

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